Você, assim como Marcelo D2, está À Procura da Batida Perfeita? Se sim, você pode estar em busca do beat ideal ou fazendo uma batucada 🤣… Trocadilhos à parte, vale a pena pensar como o termo “batida”, que imediatamente associamos aos instrumentos de percussão, possui um significado muito mais amplo no mundo da música.
Quem acompanha o blog da Musicloom e leu o texto sobre ritmos musicais vai se lembrar que ritmo é algo que se repete em um intervalo de tempo regular ao longo de uma atividade. Naquele texto, citamos as batidas do seu coração e o bater de asas de uma mosca como exemplos de ritmos. Ou seja, há sempre um “bater” no ritmo.
A nossa compreensão mais básica dos ritmos está fortemente associada à nossa percepção da frequência das batidas. Elas são a forma mais elementar de, usando um termo técnico, “marcar o ritmo”. Apesar de parecer óbvio, é importante chamar a atenção para essa função; assim fica evidente a importância dos instrumentos de percussão, tanto para a história da música quanto para os conjuntos musicais. Entretanto, ao longo do tempo, esses instrumentos deixaram de ser “apenas” marcadores de ritmo para se tornarem centrais em diversos ritmos e gêneros musicais, com destaque para os brasileiros.
No texto sobre instrumentos musicais apresentamos brevemente os dois principais sistemas de classificação de instrumentos: o Mahillon e o Hornbostel-Sachs. A tipificação “instrumentos de percussão”, que é do sistema Mahillon, divide-se em duas no de Hornbostel-Sachs: os membranofones e os idiofones. Siga com a gente neste texto para conhecer a importância desses instrumentos para diversos gêneros, especialmente dois supergêneros musicais brasileiros!
Um pouco de história
Achados arqueológicos indicam que os instrumentos musicais existem há pelo menos 60 mil anos – mais especificamente os de sopro. Os instrumentos de corda mais antigos datam de aproximadamente 4.500 anos e os de percussão…
Bom, para contar essa história já será necessário utilizar o sistema Hornbostel-Sachs. As descobertas científicas indicam que, dentre os instrumentos de percussão, os mais antigos são os idiofones. No sítio arqueológico de Mezin, na Ucrânia, foi descoberto um martelo feito de chifre de rena e um conjunto de ossos de mamute, todos com marcas de danos superficiais repetitivos. Esses artefatos, que possuem aproximadamente 24 mil anos, constituem o que teria sido o primeiro xilofone.
Dos membranofones mais antigos que se conhece, há muito mais evidências arqueológicas. Eles remontam às culturas neolíticas chinesas. Os “tambores de crocodilo” foram encontrados nos sítios arqueológicos de Dawenkou e Longshan, localizados na província de Shandong, e possuem entre 5 mil e 7.500 anos. Eles são constituídos por estruturas de madeira e argila sobre as quais foram esticados couro de crocodilo.
Dentre os instrumentos de percussão, os tambores são os que mais possuem variações. Muitos deles estão nos fundamentos da cultura da África, o que fez com que os ritmos de matriz africana tivessem como base instrumental os membranofones. A influência desses instrumentos de percussão se espalhou com todo o povo africano pelo planeta; nas Américas, essa influência foi quem possibilitou o surgimento de diversos ritmos e gêneros musicais.
Mambo, cha-cha-chá, salsa, samba… Todos esses gêneros da América Latina tem origens africanas e, consequentemente, usam os instrumentos de percussão como protagonistas. Além desses gêneros, no início da década de 1950, na América do Norte, surgiu o movimento artístico que mais influenciou a cultura do global: o rock. E como dissemos no último texto publicado aqui blog, uma novidade na instrumentação foi muito importante para caracterizar o novo gênero: a batida mais marcada e forte da bateria – com mais energia normalmente na caixa e nos tempos dois e quatro do compasso – trazendo assim uma dinâmica mais rápida e, porque não dizer, agressiva para as canções.
Instrumentos de percussão: o uso nos supergêneros brasileiros
A importância dos instrumentos de percussão em diversos gêneros e ritmos musicais é bastante clara. Para nós, brasileiros, ela é cristalina: os tambores são os instrumentos mais importantes de toda a hierarquia de gêneros do samba. É por meio deles que realizamos uma característica marcante dos ritmos africanos: a polirritmia, a superposição de ritmos e métricas diferentes em uma mesma música.
Pare para ouvir com calma um samba-enredo de uma das Escolas de Samba do Rio de Janeiro. Você ouvirá uma sobreposição de diferentes grupos de tambores – surdos, repiques, caixas, tamborins – marcando em ritmos diferentes, mas em harmonia. Esses arranjos criativos e complexos de percussão são a espinha dorsal do principal ritmo musical do Brasil.
Para além do samba, há outro supergênero musical brasileiro que tem em sua base instrumental os instrumentos de percussão: o forró. Para tocar baião, xote ou xaxado muito provavelmente você vai usar a membranofone zabumba e o idiofone triângulo.
Talvez seja em um surdo, um repique, uma zabumba, uma alfaia, um tamborim, uma cuíca ou até em um triângulo que você encontre a batida perfeita. Talvez você a encontre em outro membranofone ou idiofone. Ou talvez você encontre ela num sintetizador, enquanto faz rap. A verdade é que, de onde quer que venha, ela estará marcando o ritmo e ilustrando sua canção, como bem fazem todos os instrumentos de percussão…
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