A diversidade do Brasil não é contada só pelos povos que o formaram. Ela também é visível quando observamos as regiões do nosso território. Uma delas está intimamente ligada a um dos principais gêneros musicais brasileiros. Nascido enquanto música regional do sertão, o sertanejo se transformou num fenômeno de popularidade no país inteiro e hoje é o responsável por muitos dos principais eventos e festivais de música do Brasil!
Apesar de também ser tema do forró, nenhum dentre os gêneros musicais brasileiros tratou tanto da relação com o sertão quanto a música sertaneja. Um sinal do tempo no qual ela nasceu: o início do processo de industrialização do país, que gerou as migrações massivas da população do interior para os grandes centros urbanos, a partir da década de 1920. A música foi uma das manifestações na qual se expressava a tristeza por deixar o sertão.
Contudo, mesmo ainda mantendo relação com suas raízes, a música sertaneja transformou-se profundamente com o passar do tempo, principalmente a partir dos anos 1990, período que coincide com a efetiva popularização do gênero. Fique com a gente neste texto para entender a origem do sertanejo e como ele evoluiu para se tornar um dos principais fenômenos da indústria da música, entretenimento e produção cultural do Brasil nos tempos atuais!
De onde vem essa saudade?
Se você leu nossos textos sobre alguns supergêneros musicais populares – o rock, o samba e o forró – já sabe que o contexto histórico é determinante para explicar o nascimento dos gêneros e ritmos musicais.
Conforme já dissemos, o Brasil acelerou o seu processo de industrialização a partir da década de 1930. Foi um período no qual o êxodo rural se intensificou. Entre os anos 1930 e 1950, a migração se deu do campo e pequenas cidades para as grandes zonas urbanas. A partir da década de 1950, conforme explicamos no texto sobre forró, a migração inter regional se intensificou, com muitas pessoas saindo das regiões Norte e Nordeste para o Sudeste.
Na primeira fase dos processos migratórios brasileiros do século XX, a região metropolitana do município de São Paulo foi o destino de um grande contingente de pessoas. De acordo com o IBGE, a população da capital paulista passa de aproximadamente 600 mil habitantes para um milhão e trezentos mil entre 1920 e 1940, um crescimento de cerca de 120%. Em 1950, São Paulo já está com quase 2,2 milhões de habitantes. Grande parte desse incremento populacional se deu do interior do estado para a capital.
Das zonas rurais vieram as pessoas, sua cultura e a saudades. A lembrança da terra natal rapidamente passou a aparecer nas letras do gênero musical que também veio do interior, a música caipira. A melodia simples e melancólica desse gênero encontrou na saudades da terra natal o tema ideal para expressar a tristeza provocada pela distância de casa.
Da música caipira, o sertanejo também herdou a base instrumental – formada pela viola, a gaita e o acordeão – e a formação do conjunto: uma dupla de cantores, sendo um de voz mais alta e aguda e o outro de tom mais grave.
Outra herança deixada pela música caipira foi a capacidade de mobilizar a indústria da música, entretenimento e produção cultural. Esse traço do gênero tem autoria clara: Cornélio Pires, um artista e jornalista que foi grande entusiasta da música do sertão. Ele autofinancia a gravação da primeira música caipira: “Jorginho do Sertão”, composição sua que foi interpretada pela dupla Mariano e Caçula, na versão lançada em 1929.
Cornélio Pires seguiu promovendo a música do sertão que, aproveitando-se do crescimento das cidades e das inovações tecnológicas que revolucionaram o consumo de música no início do século XX, despontou. Muitas duplas sertanejas passaram a fazer grande sucesso com destaque para Tonico & Tinoco, a primeira dupla que ganhou alcance nacional.
Sertanejo: Chitãozinho, Xororó e os anos 1990
Tonico & Tinoco, abriram caminho para que o sertanejo se tornasse o maior fenômeno econômico da indústria criativa brasileira. Em 1970 outra dupla pavimenta esse caminho: Chitãozinho & Xororó, dois irmãos do interior do Paraná, lançam o disco “Galopeira”. O sucesso alcançado com esse trabalho foi apenas uma fração da música “Fio de cabelo”, que tornou Chitãozinho & Xororó internacionalmente conhecidos.
Na década de 1990 o sertanejo definitivamente se consolidou como um dos principais gêneros musicais do Brasil. É nesse período que as duplas Leandro & Leonardo, Zezé di Camargo & Luciano e João Paulo & Daniel alcançam o estrelato nacional.
Também é nesse período que o sertanejo ganha influências de outros gêneros musicais como o country e o rock. A guitarra elétrica passa a fazer parte da instrumentação e as canções ganham temáticas diversas: de relacionamentos amorosos a camaros amarelos.
Atualmente a música sertaneja é, dentre os gêneros musicais brasileiros, o que mais movimenta dinheiro no país. Seus shows e festivais de música se transformaram em legítimos espetáculos da indústria da música, entretenimento e produção cultural.
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