“Qual a diferença entre o charme e o funk”? E entre o samba e o pagode, você consegue dizer? Só que antes mesmo de responder essas perguntas talvez seja necessário abrir espaço para uma outra, que é anterior a elas: existem diferenças entre esses gêneros musicais?
As respostas para essas questões ficarão mais fáceis de compreender se entendermos a definição e o conceito de “gêneros musicais”, esse termo tão importante para a música.
Como qualquer manifestação artística, a música se organiza por gêneros. Contudo, diferente de outras manifestações artísticas, a música também se organiza por ritmos. Essa informação é importante porque, recorrentemente, confundimos ritmos com gêneros musicais. Portanto vamos começar a explicá-los dizendo o que eles não são: gêneros musicais não são ritmos.
Ritmo musical é um padrão temporal que organiza sons e silêncios em uma música. A ideia de “padrão”, de “sequência regular de atividade” é importante para entender o ritmo. Na natureza podemos, por exemplo, captar o ritmo do bater de asas de uma abelha ou o ritmo da respiração de um indivíduo durante uma corrida longa. O ritmo é uma ideia que pode ser aplicada em diversos contextos da realidade. Na música, ele está necessariamente conectado às noções de tempo, som e silêncio – e é isso que forma a harmonia.
No Ocidente, aprendemos a compreender os ritmos musicais a partir dos compassos, os intervalos de tempos iguais por meio dos quais estruturamos as músicas. Ritmos tem compassos: a valsa, por exemplo, é um ritmo que usa um compasso ternário, o de três tempos por compasso. Já o samba originou-se usando um compasso binário, de dois tempos por compasso.
As músicas de um gênero musical normalmente são formadas por diferentes ritmos. Para ficar nos exemplos acima, Chico Buarque – um dos maiores expoentes do gênero “Música Popular Brasileira” – compôs diversos sambas e valsas. Todas as suas músicas, de diferentes ritmos, podem ser classificadas em um único gênero.
Gênero nas artes
“Gênero” é uma premissa de categorização da música e de qualquer outro tipo de manifestação artística. Assim como podemos classificar gêneros musicais como “axé music” e “pagode”, podemos classificar peças literárias como “Narrativas” ou “Dramáticas”, obras do cinema como “western” ou “ficção científica”, pinturas como “pintura de história” e “natureza morta”, etc.
Independente da manifestação artística, os gêneros são classificados de acordo com o tema trabalhado, o estilo e as formas. Há uma quantidade enorme de gêneros, vários deles possuem muitas subdivisões e estas que podem tomar, como elemento de classificação, diversas perspectivas. Para ficar num exemplo da Literatura: no Brasil classificamos no Gênero Narrativo diferentes tipos de peças literárias como o romance, o conto, a crônica…
As hierarquias de gêneros nas artes costumam ser bastante extensas. Na música elas atravessam a classificação de ritmos e muitas vezes fundem-se uns aos outros ou a gêneros musicais. No Brasil vimos, nos anos 1950, surgir o gênero “samba rock” que, apesar de trazer no nome um ritmo e um gênero, eminentemente congrega músicas de samba com elementos estilísticos do rock: guitarra, bateria, etc.
No artigo “Uma teoria dos gêneros musicais: duas aplicações”, os autores Franco Fabbri e Márcio Pinho definem gênero musical como “um conjunto de eventos musicais (reais ou possíveis) cujo curso é governado por um conjunto definido de regras aceitas socialmente”. Portanto, diferentes dos ritmos – que possuem um padrão temporal que organiza sons e silêncios em uma peça de música -, os gêneros têm classificação menos estrita; ela depende, eminentemente, do quanto aquele conjunto de regras – seja do tema, do estilo ou da forma – é socialmente aceito enquanto um gênero musical.
Gêneros musicais: como podemos caracterizá-los?
Conforme já dissemos, gêneros são premissas de categorização de qualquer tipo de manifestação artística que levam em conta o tema trabalhado, o estilo e as formas. No caso dos gêneros musicais, elementos peculiares da música também são levados em consideração: instrumentação, texto, função, estrutura e contextualização.
Por exemplo: a Música Popular Brasileira é um gênero musical cuja instrumentação e contextualização são elementos extremamente importantes para sua configuração. Os instrumentos de percussão são frequentemente utilizados e o contexto social e histórico do país é recorrentemente representado nas letras.
Há gêneros musicais que concentram vários ritmos mas mantém características comuns na instrumentação, texto, função, estrutura e contextualização. O forró, por exemplo, é um gênero que agrupa músicas de pelo menos três ritmos diferentes: baião, xote e xaxado.
Outros gêneros musicais possuem uma hierarquia de subgêneros tão extensa que não há consenso sobre todos. Talvez o melhor exemplo seja o rock: há o hard rock, o punk rock, o progressivo, o grunge, o indie rock, o heavy metal… Para estabelecer cada um desses subgêneros foram levados em consideração fatores diferentes: se é independente, se o som é mais “pesado”…
Quem leu nosso texto sobre concepção da banda vai se lembrar que definir o propósito e a identidade do conjunto é uma das primeiras e mais importantes decisões da jornada musical. Obviamente que uma banda não precisa se restringir a um gênero ou ritmo. Contudo, transitar demasiadamente entre gêneros muito diferentes pode acabar não favorecendo a geração de uma identidade e, consequentemente, a formação de uma audiência.
No diretório de músicos da Musicloom você vai encontrar artistas que tocam diferentes ritmos e tem preferências diversas em relação aos gêneros musicais. Seu próximo parceiro na música pode estar lá, ao alcance de poucos cliques! Navegue pelo nosso diretório para explorar a pluralidade dos gêneros musicais dos artistas da Musicloom!