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Se você acompanha os conteúdos que postamos aqui no blog e no Instagram já sabe que, quando falamos de ritmos musicais, estamos tratando de dois tipos de manifestações artísticas: música e dança. E se você quiser aprender como se dança o baião, um dos ritmos do forró, ligue o som em Luiz Gonzaga e siga com a gente neste texto!

Apesar de estarmos em julho, ainda é período de festas juninas, essa manifestação popular tão importante para a nossa cultura. E assim como o samba, o principal dentre os supergêneros musicais brasileiros, o forró também é intimamente associado a uma festa popular. Sambamos principalmente no carnaval e “forrozeamos” especialmente nas festas juninas.

Também como o samba, o forró está registrado enquanto uma das Formas de Expressão da cultura nacional no Registro de Bens Culturais de Natureza Imaterial, mantido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, o Iphan. Os principais ritmos musicais que conhecemos desse supergênero são o baião, o xaxado e o xote, mas há outros ritmos e gêneros musicais como o coco e a toada.

Neste texto vamos contar um pouco da história desse supergênero musical destacando os três principais ritmos que o formam. Vem com a gente! 

A origem do termo e do supergênero

Possivelmente você já ouviu a teoria de que a palavra “forró” foi criada a partir do termo em inglês “for all”, que significa “para todos”. Essa hipótese diz que eram organizados, por nativos da língua inglesa que se instalaram no Nordeste, bailes que eram para todos. Uma versão dessa teoria diz que os bailes eram promovidos pelos britânicos da empresa ferroviária Great Western, que se instalou em Pernambuco para construir uma ferrovia no final do século XIX. Outra versão diz que foram os militares norte-americanos, instalados no Rio Grande do Norte durante a II Guerra Mundial, que organizavam os bailes.

Mas essa teoria… é só uma lenda divertida🤣… “Forró” é uma redução do termo “forrobodó” do qual já se tinha registro desde o início do século XIX. E “forrobodó” é a versão aportuguesada da expressão em francês faux-bordon, que significa “desentoação” ou “fora do tom”. Vamos à explicação…

No início do século XIX as festas populares da região Nordeste eram chamadas de “forrobodó” porque eram comandadas por toques monorrítmicos de bumbo, um dos instrumentos de percussão. Na avaliação da classe economicamente dominante da época, o som era “fora do tom”. 

Nos forrobodós não eram tocados baião, xaxado, xote ou nenhum outro dos ritmos e gêneros musicais do forró. Mas uma característica importantíssima dos ritmos já estava presente: a dança.

Como as festas aconteciam em chão de terra batida, ele era molhado antes, para evitar que a poeira subisse enquanto as pessoas dançavam. E para reduzir ainda mais o efeito da poeira subindo, a dança era feita com o pé sendo arrastado. Foi daí que surgiu o “arrasta-pé”, um traço característico da dança de vários dos ritmos do forró.

Para além dos golpes monorrítmicos de bumbo – depois substituído pela zabumba – a rítmica do forró se inspirou em um costume dos cangaceiros. Eles se reuniam em roda para dançar e o ritmo era marcado pelo bater da coronha dos rifles no chão. A dança era executada individualmente e você já deve ter visto algo parecido por aí. Veja a partir dos 16min50s como se dança xaxado…

Os elementos musicais dos ritmos do forró são do século XX. É difícil precisar quando elas surgiram, mas o baião, um dos ritmos do forró, tem um antepassado comum com o samba: o lundu. O xote tem como principal referência a chotiça, um ritmo centro-europeu que ganhou esse nome por causa do seu país de origem. Chotiça é a versão aportuguesada do termo alemão “schottische”, que significa “escocesa”. Sim, a chotiça, a principal inspiração do xote, é uma espécie de polca escocesa.

Forró: popularização provocada pela imigração

Todos os gêneros ou supergêneros musicais ganham relevância por causa da obra dos principais artistas filiados a eles. Mas se você procurar no samba, no rock ou em outros, vai ser difícil encontrar algum no qual há uma concentração de praticamente toda a identidade do gênero ou supergênero em torno de um só nome – pelo menos em sua primeira fase -, como é o caso do forró. Imagino que vocês saibam quem é Luiz Gonzaga.

No tempo de sua vida, Gonzagão deixou duas gigantescas heranças para a música brasileira: seu filho Gonzaguinha e um ritmo criado por ele, o baião. Para além de criar o próprio ritmo e ampliar o forró enquanto gênero, conferindo a ele elementos da cultura do sertão, Luiz Gonzaga foi o principal responsável por popularizar o baião e, consequentemente, o forró.

Se você acompanha o nosso blog e leu os textos sobre outros supergêneros musicais como o samba e o rock vai literalmente achar que aqui na Musicloom nós somos um disco arranhado … Mas não podemos negar a História: assim como os outros supergêneros musicais, o forró também se popularizou na esteira da evolução das tecnologias de difusão de música: gramofone, rádio, salas de cinema.

Contudo, um fenômeno demográfico brasileiro foi fundamental para a popularização do forró: a migração em massa de pessoas do Nordeste para o Sudeste, a partir da década de 1930. Os estados do Sudeste, especialmente Rio de Janeiro e São Paulo, receberam milhões de migrantes nordestinos entre os anos 1930 e 1970. Em sua maioria, eles vieram trabalhar em empregos precários, seja no ambiente urbano ou rural. Vivenciando difíceis realidades, a música era o que os conectava com a terra natal que tinham deixado para trás.

Esses nordestinos compunham a maior parte da audiência dos programas de rádio e de TV que apresentavam as canções de forró. O aumento do consumo das canções nos grandes centros viabilizou a criação dos eventos de forró – bailes, festas e festivais de música -, transformando esse supergênero musical na principal e mais popular dança (e música) de salão do Brasil.

Atualmente você encontra eventos de forró no país inteiro, comandado por músicos que podem facilmente ser encontrados nos espaços físicos e virtuais, como o diretório de artistas da Musicloom! Acesse nosso diretório, conecte-se com outros músicos e descubra quais são os espaços na sua localidade nos quais um bom arrasta-pé pode ser promovido!