Você já parou para pensar por quê certos artistas e bandas fizeram e fazem tanto sucesso enquanto outros, tão ou mais competentes, passam a vida no ostracismo? O que faz uma banda realmente ter sucesso? Será que é apenas o talento e a paixão dos músicos? Ou ele depende também de decisões mais pragmáticas de planejamento, inclusive sobre a própria concepção da banda?
Sim, a formação da banda é um dos passos mais empolgantes e transformadores para qualquer músico, mas ele é um dos primeiros. E na jornada rumo ao hipotético sucesso, a quantidade de decisões a serem tomadas talvez beire a casa dos milhões. Obviamente que competência, talento e muito amor pela arte contam. No entanto, a visão clara de onde se quer chegar, o que se pretende ser, é o primeiro passo – e também um dos mais fundamentais.
A concepção da banda diz bastante sobre o propósito que aquele grupo de artistas possui, muitas vezes o propósito que os une. Logicamente que a paixão pela arte, e por um ou alguns gêneros musicais vai congregar aqueles músicos, mas o propósito vai muito além de gostos e estilos. Ele sintetiza a mensagem e o legado que a banda quer deixar. E tudo isso pode já ficar claro e alinhado bem no início, no momento da concepção da banda.
Definição do propósito e identidade da banda
Um passo crucial na concepção da banda é definir o propósito e a identidade que o grupo deseja ter. É um processo que começa com a formulação de uma missão que resuma o objetivo do grupo. Segundo Leonardo Salazar em seu trabalho de pós-graduação “Music Business: O Negócio da Música para Empreendedores”, apresentado na Faculdade de Ciências da Administração de Pernambuco, uma missão bem definida é essencial para orientar as decisões da banda, desde a composição até a escolha dos locais de apresentação.
A missão deve refletir o que a banda representa e o impacto que deseja ter no público. Isso pode incluir desde questões estéticas, como a criação de uma sonoridade única, até objetivos mais amplos, como “inspirar mudanças sociais através da música”. Nesse contexto, missão e propósito se confundem.
Para além do propósito, é fundamental que a banda construa símbolos que facilitem sua identificação a partir do momento que ela já possuir o mínimo de reconhecimento e reputação. Para isso, é necessário também conceber uma identidade visual e uma musical. Em outras palavras, é o casamento da identificação do som da banda com a sua imagem. No artigo “Indústrias Criativas: Definição, Limites e Possibilidades”, o autor Pedro Bendassolli sugere que a criatividade no uso de símbolos e significados é essencial para a criação de um valor econômico e cultural que ressoe com o público.
Se uma banda para você ainda está no nível do desejo – ou seja, é apenas uma ideia que martela na sua cabeça – e você não sabe como materializar o propósito ou a identidade da banda, comece a anotar as suas ideias e reflexões. Escreva como você sonha com a banda, desenhe, da sua forma, a logomarca, converse com as pessoas do seu ciclo, que também tocam algum instrumento ou cantam, sobre o seu projeto, assista e ouça artistas que o inspira e tente identificar quais são os propósitos e identidades deles. No exercício de passar as coisas para um suporte físico ou digital – ou seja, escrevendo no papel ou num documento de computador -, as ideias ficam mais claras. A partir desse momento, vai ficar mais fácil conversar com as pessoas sobre como seria a concepção da banda dos seus sonhos.
Concepção da banda: planejamento estratégico
Você já ouviu falar da análise SWOT? O nome é uma sigla formada pelas primeiras letras dos termos em inglês Strengths, Weaknesses, Opportunities e Threats – em português Forças, Fraquezas, Oportunidades e Ameaças. A análise SWOT é aplicada na observação de empresas e projetos para aumentar a compreensão do ambiente interno e externo.
A observação das forças e fraquezas é a análise do ambiente interno. No contexto da concepção da banda, as forças poderiam ser o desejo e querer genuíno da montagem da banda, a obstinação por fazer um trabalho artístico incrível, o forte alinhamento entre todos os membros do grupo em torno do propósito. As fraquezas, por exemplo, podem ser a falta de disponibilidade de tempo para ensaios, a falta de recursos financeiros para aquisição de instrumentos e equipamentos.
Já as oportunidades e ameaças são as observações em relação ao ambiente externo, ou seja, o que está fora da banda que pode favorecê-la ou prejudicá-la. Uma das oportunidades, por exemplo, pode ser a facilidade que a microinformática e a tecnologia digital trouxeram para a disseminação da obra de um artista. Em outras palavras, com a força certa – a habilidade de divulgar conteúdo online – há o elemento externo “tecnologia digital” que pode favorecer a banda.
Um exemplo de ameaça seria a falta de uma cena musical na localidade da banda. Vamos imaginar, por exemplo, que quer se formar uma banda de rock progressista numa pequena cidade do interior de Goiás, onde a cultura musical é majoritariamente sertaneja. Apesar de não ser impossível, há um elemento do contexto externo que gerará uma permanente ameaça ao projeto.
A análise SWOT pavimenta o terreno para que a banda consiga desenvolver uma estratégia de longo prazo, já prevendo como reverter fraquezas em forças, e como aproveitar as oportunidades para que o contexto favoreça a busca pelo sucesso.
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