“Quem é ele, quem é ele?” Sim, esse tal de rock and roll – ou, na letra de Rita Lee, “Roque Enrow” – não apenas quer modificar o mundo: ele já transformou o globo e, muito provavelmente, seguirá transformando.
Nenhum dos supergêneros musicais e, muito provavelmente, nenhum movimento artístico influenciou tanto a cultura do planeta como o rock. Ele se espalhou por todos os continentes de forma extremamente capilarizada, a ponto de ser possível encontrar casas ou bares de rock nos lugares mais inacessíveis do mundo como o Faraday Bar, na Antártica ou o Irish Pub de Namche Bazaar, que fica a mais de 3 mil metros de altitude em uma das montanhas do Himalaia, no Nepal.
Retomando a letra da famosa canção de Rita Lee, “quem é ele?” Uma mosca? Um mistério? Uma moda que passou? Vamos explorar rapidamente as origens e a trajetória desse que tem a maior hierarquia de gêneros musicais dentre todos os conhecidos!
A “fusão” entre blues, country e jazz
O rock nasceu nos Estados Unidos como uma fusão entre o blues, o country e o jazz. Boa parte da popularidade que o rock alcançou deve-se ao fato de que os supergêneros musicais que foram seus precursores já serem bastante populares. Especialmente o jazz e o country foram amplamente difundidos nos Estados Unidos, impulsionados pelo aumento das salas de cinema, gramofones e aparelhos de rádio – inovações tecnológicas que revolucionaram o consumo de música no início do século XX.
Quem leu o texto que publicamos aqui no blog sobre gêneros musicais vai se lembrar que eles em parte são definidos por sua instrumentação, texto, função, estrutura e contextualização. Desde sua gênese, o rock apresenta várias novidades, nesses diferentes critérios, se comparado aos gêneros musicais que o originaram. É difícil avaliar se existiu um ou poucos elementos do novo supergênero que rapidamente chamou a atenção do público ou se foi todo o conjunto. Entretanto, há algumas características da instrumentação que claramente chamam a atenção na “passagem” do blues para o rock. Como exemplo, vale ouvir um dos primeiros grandes hits do novo gênero, a clássica “Rock around the clock” de Bill Halley & His Comets:
A batida mais marcada e forte da bateria – com mais energia normalmente na caixa e nos tempos dois e quatro do compasso – trouxeram uma dinâmica mais rápida e, porque não dizer, agressiva para as canções. Dava a impressão de uma música mais veloz, mais acelerada, exatamente como estavam acontecendo as mudanças no planeta no início da segunda metade do século XX.
Contudo, é na transição da primeira para segunda fase do rock que vamos perceber uma clara mudança nos instrumentos musicais. Quem leu nosso post sobre instrumentos de corda já deve saber do que estamos falando… O uso da guitarra, do baixo e do contrabaixo elétricos pelos artistas do novo supergênero consolidou a base instrumental que definitivamente caracterizou o rock.
Rock: um supergênero que se conectou ao espírito do tempo
O rock é um fenômeno tão preponderante para a cultura do planeta que fica praticamente impossível mostrar como ele se relaciona com todas as dimensões econômicas, artísticas e sociais da época que nasceu. Porém, há períodos, personagens e elementos mais centrais na história desse supergênero.
Já mencionamos as inovações tecnológicas – salas de cinema, gramofone, rádio – que favoreceram a distribuição da música na primeira metade do século XX. Elas contribuíram fortemente para facilitar a passagem do rock pelo oceano Atlântico e chegar à Inglaterra, mais especificamente nos ouvidos de dois garotos de Liverpool…
John Lennon e Paul McCartney, ainda dois artistas adolescentes, se encantaram pelo som de Chuck Berry, Little Richard, Elvis Presley, e decidiram montar seu próprio conjunto musical. Para além do rock, os Beatles criaram a estrutura das canções da música pop como conhecemos atualmente.
A ampliação em escala exponencial da demanda por ouvir música gerou o que todo crescimento de demanda gera no capitalismo: um mercado. Rapidamente empresas eram criadas para dar conta da demanda do público: gravadoras, fábricas de instrumentos musicais, estúdios de som, produtores musicais… Consolidava-se assim o que hoje chamamos de indústria da música.
Mas para muito além das relações do supergênero com as dimensões tecnológicas e econômicas do início da segunda metade do século XX, o rock se conectou às pessoas. As canções de rock eram mais aceleradas, com marcações mais claras e energizadas, se comparadas aos supergêneros que o antecederam. O rock ganhou aceitação extremamente rápida na juventude da época; um grupo de pessoas que experienciava um mundo acelerado e parecia querer velocidade nas mudanças – assim como as rápidas transições das músicas de rock.
Desde os anos 1950 o rock não perdeu protagonismo entre os supergêneros musicais. Influenciou e foi influenciado por outros ritmos e supergêneros, criando assim a maior base de fãs e a maior hierarquia de gêneros de toda a música. Muitos desses artistas e fãs do rock estão na Musicloom! Para se conectar a eles, basta navegar pelo nosso diretório e começar a interagir!