Na Musicloom nós vivemos e respiramos música há muito tempo. Sendo assim, os ritmos musicais são quase onipresentes na nossa rotina. Mas se existir uma startup chamada Danceloom, os dias deles também devem ser assim 🤣…!
Ritmos musicais são necessários para a música, mas também para a dança, essa outra manifestação artística tão importante para a cultura dos povos. Pensar o ritmo como algo que vai além da música nos ajuda a compreendê-lo como um conceito mais amplo.
Ritmo é algo que se repete em um intervalo de tempo regular ao longo de uma atividade. Esse algo podem ser as batidas do seu coração, o bater de asas de uma mosca ou até as ondas – sejam as do mar, sejam as mecânicas, geradas a partir do vibrar de um conjunto de cordas ou o bater de um tambor.
Tanto a música quanto a dança precisam de ritmo e ambas se baseiam nos ritmos musicais para construir suas peças, sejam elas canções ou encenações. Mas o que eles são exatamente?
Ampliando a definição
No texto sobre gêneros musicais que publicamos no mês passado aqui no blog, tomamos o cuidado de diferenciar gêneros de ritmos musicais exatamente porque é comum confundir os dois termos. Ritmo musical é um padrão temporal que organiza sons e silêncios em uma canção. Isso quer dizer que na música, a ideia de ritmo está necessariamente conectado às noções de tempo, som e silêncio – e é isso que forma a harmonia.
Os intervalos de tempos iguais nos quais organizamos sons e silêncios é chamado de compasso. Em grande parte é a estrutura do compasso que define um ritmo musical. Entretanto, há diferentes ritmos com a mesma estrutura de compassos: samba e baião, por exemplo, tem um compasso binário, de dois tempos por compasso. Por que, então, são ritmos diferentes? Quais são os outros elementos que definem os ritmos musicais?
Para além da estrutura dos compassos, um ritmo é definido pela figuração rítmica, pela acentuação rítmica, pela instrumentação e timbre e pelo andamento.
A figuração rítmica é o padrão de duração das notas e pausas. Compassos tem tempos mas as notas também tem um tempo de duração. Em um compasso com espaço para quatro semínimas, por exemplo, podem ser inseridas oito colcheias — tornando os intervalos entre as notas mais curtos.
A acentuação rítmica define a marcação do ritmo pela organização de sons fortes e fracos dentro de um compasso. As síncopes e os contratempos, por exemplo, são elementos da acentuação rítmica.
A instrumentação se refere aos instrumentos musicais característicos de um ritmo. São eles que definem o timbre. A forma como os instrumentos interagem em uma canção afeta nossa percepção rítmica.
Por fim, o andamento – que é a velocidade na qual a música é executada. Ela é medida em BPMs, sigla para batidas por minuto. O andamento não altera o tempo do compasso nem a duração das notas mas afeta a nossa percepção da música. Valsas, por exemplo, tem um andamento de 60 a 90 BPM. Entretanto, se uma valsa for reproduzida em 100 BPM isso não altera o ritmo; vamos continuar a percebendo como uma valsa, porém mais acelerada.
Ritmos musicais: atravessando matrizes culturais diversas
É consenso entre os pesquisadores do tema que a música existe em todas as culturas conhecidas, sugerindo que a percepção do ritmo musical seja inato às espécies humanas – e quem leu o texto sobre instrumentos musicais sabe que o homem de neandertal já produzia instrumentos.
Entretanto, apesar da nossa provável capacidade inata de perceber os ritmos, essa percepção varia de cultura para cultura. Na obra The Cambridge Companion to Rhythm, os autores Russell Hartenberger e Ryan McClelland afirmam que, na tradição ocidental, o ritmo é frequentemente estruturado em métricas regulares e simétricas, com divisões claras de tempos e acentos previsíveis. Os estilos musicais ocidentais compartilham essa característica de organização rítmica regular.
Já em outras culturas, o ritmo é percebido de forma diferente. Em algumas tradições asiáticas, especialmente as do Oriente Médio, observa-se a incorporação de ritmos complexos e assimétricos. A música árabe, por exemplo, é composta sobre ciclos rítmicos chamados de iqa’at: padrões de batidas que se repetem a cada compasso. Contudo, uma composição pode alternar entre vários iqa’at diferentes.
Já a música africana, tão importante para as raízes da música brasileira, tem como forte característica a polirritmia, a superposição de ritmos e métricas diferentes em uma mesma música. Por isso que ritmos africanos estão na origem de muitos ritmos sincopados como o jazz, o samba, o funk e o reggae.
A nação brasileira, por ter sido formada por povos de diferentes culturas, acabou constituindo um universo musical extremamente diverso e rico. O mais icônico ritmo brasileiro, o samba, é diretamente influenciado por ritmos africanos como o jongo e o maxixe. Contudo, a partir do samba e sob a influência do jazz nasceu um novo ritmo, a bossa nova.
Um dos traços mais bonitos do universo musical é essa capacidade de se recriar, mesmo após dezenas de milênios da experiência musical na Humanidade! E você, já explorou todos os ritmos musicais da comunidade da Musicloom? Navegue pelo nosso diretório para saber tudo que os artistas da Musicloom são capazes de tocar!